Com o Mês do Orgulho LGBTQIA+, muitos temas entraram (e entram todos os anos) em foco. Um deles é a representação deste público, e de outras minorias, na publicidade brasileira. Será que essas pessoas conseguem se ver quando estão assistindo uma propaganda da TV, em um Ad do Youtube, em um post patrocinado no instagram? E por que isso é tão importante?
Precisamos começar já dizendo que a publicidade brasileira não é uma das melhores quando o assunto é diversidade, porém está avançando todo ano, pouco a pouco. E isso não somos nós falando não, é o que mostrou um estudo feito pela Elife e a agência SA365 sobre o assunto.
A representatividade no ambiente virtual brasileiro
É normal ver as pessoas falando que o Brasil é um país de povos e culturas misturadas, que temos pessoas de qualquer jeito, mas será que isso está de fato evidente nas propagandas?
Na pesquisa “Diversidade na comunicação digital: como as pessoas estão sendo retratadas pelas grandes marcas”, foram analisados 11.083 posts do Facebook e Instagram, entre janeiro e dezembro de 2021, de 39 marcas anunciantes do país. Este estudo é realizado pela Elife desde 2018, e apesar de focar apenas na representação dentro de duas redes sociais, já nos traz um ótimo panorama.
O público LGBTQIA+ apareceu em 8% do material estudado. Ainda é um pouco menor, levando em conta a população deste grupo no Brasil, segundo a ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), é de 10%. Em outra pesquisa de diversidade realizada em 2019, também pela Elife e SA365, a representação estava em apenas 4% dos materiais, o que traz esperança de melhorias para o futuro.
Outras minorias, em contrapartida, não tiveram o mesmo sopro de esperança que o LGBTQIA+. Gordos e pessoas com deficiência(PcDs), por exemplo, estão “um pouco” mais distantes de se sentirem representados. Eles têm, respectivamente, presença em 4%, em uma população de 56% dos brasileiros, e 3%, em uma população de 23% dos brasileiros.
O cenário não é um dos melhores, mesmo com alguns pequenos avanços aqui e alí. E essa falta de representação não é só um “inconveniente” que pode ser ignorado. A pesquisa contempla apenas os números, mas não a qualidade delas. Quantas dessas representações não foram estereotipadas? Além disso, será que em outras mídias de massa, mais tradicionais, essa diversidade é “tão alta” assim?
Este é um problema que pode atrapalhar a inclusão desses grupos na sociedade, além de ser um conflito para os próprios indivíduos que, ao não conseguirem se enxergar em nenhum lugar, se sentem mal só por serem quem eles são.
Porque a representação é tão importante assim?
Caso você seja branco(a), cis, heterosexual, magro(a) e sem nenhum tipo de deficiência, vamos tentar fazer um experimento de empatia? (percebeu quão específico precisamos ser para descrever a pessoa que MAIS aparece em publicidade?)
Tente imaginar um mundo onde você não vê alguém que se encaixa nesse grupo que citamos em nenhuma propaganda. Nenhum branco em nenhum lugar da mídia, mas presente no dia a dia das pessoas. Sua sexualidade sendo totalmente ignorada e todos os casais que você vê nas propagandas de dia dos namorados são de homens gays ou mulheres lésbicas. E por aí vai.
Aposto que não deve ser algo confortável, certo? Pois existem pessoas que não precisam imaginar isso, vivem na pele todos os dias. A luta pela diversidade, não só na propaganda, mas em todas as mídias, é uma luta de inclusão desse público que não pode mudar quem eles são. Talvez um pouco mais de representatividade ajudasse, por exemplo, a tirar do Brasil o título de país que mais mata LGBTQIA+ no mundo.
E o que podemos fazer?
Focando na publicidade, para o cenário mudar ainda é necessário muita luta ainda. Uma das formas de se ter materiais com mais diversidade é ter uma diversidade na própria equipe. Opiniões das pessoas que estão dentro destes grupos mal representados vai ajudar a criar materiais que mostrem o verdadeiro brasileiro, e não o “branco magro hétero” que o modelo atual empurra em nossas goelas.
Nós da Outsmarting estamos nesta luta também. Buscamos diversidade o tempo todo, afinal, combinando todas essas pessoas com etnias, gêneros, sexualidades, histórias e origens diferentes, nós podemos gerar cada mais ideias únicas, inovadoras e inclusivas.